domingo, 16 de dezembro de 2007

Noite de encerramento do festival ou 5 longos minutos



Rotação 5’ percorreu as linhas do audiovisual,ao longo de 3 horas, 30 minutos e 34 segundos, ou seja, 4 dias da Mostra Competitiva do Festival 5 Minutos,na Sala Walter da Silveira. O movimento foi executado com muito labor,impulsionado por vozes que compreenderam a espontaneidade dos sinais críticos lançados. Agora, a nossa galáxia vai levar cerca de um ano para voltar à Terra em vídeo.Será o momento de fazer a cobertura da XII edição do festival. Antes da partida, conheça os astros da noite de encerramento.Você vai notar que, dos nove premiados, 5 estavam entre os indicados pelo Rotação. Profético!5! Teria sido a nossa força gravitacional ? Por isso, vamos analisar os resultados de mão cheia – como fizemos durante toda a trajetória.


A cerimônia teve início às 19 horas, 47 minutos e 31 segundos. Na primeira seqüência, houve o anúncio de 4 prêmios especiais. O primeiro foi uma menção honrosa, concedida pela ABCV, ao vídeo “Veras”, do diretor Edson Bastos, da cidade de Ipiaú,interior da Bahia.O Rotação colocou a mão no fogo, por esta obra,que foi escolhida a dedo(polegar!). Na seqüência 2, anunciou-se o Prêmio Porta-Curtas para o experimental “Sensações Contrárias”, dos baianos Jorge Alencar,Amadeu Alban e Matheus Rocha.Na mão, conforme indicamos,ontem, em nosso short-list! Na seqüência 3, foram conhecidos os ganhadores de uma Menção Honrosa, oferecida pelo júri oficial da mostra: “Passo”(Alê Abreu/SP) e “Todos foram para a lua”(Maurício Saldanha/RS).Mais dois sinais bem registrados pelas nossas lentes.Dois dedos sobre esses curtas: indicador e médio!Fechando o círculo positivo do nosso observatório, “L.E.R”(João Angelini - Brasília/DF) ficou em segundo lugar(8.000 reais), entre os três principais prêmios do festival. Pesou a mão da comissão julgadora.Merecia o primeiro.


Mas, vamos colocar a mão na massa: o terceiro lugar,prêmio de seis mil reais, ficou para “Pega,mata e come”(Carlos Pronzato) e o primeiro para “Carro de boi”(Nicolas Hallet), de 10 mil reais. O Prêmio Luiz Orlando, de Júri Popular, 3.000 reais, ficou para o curta “Meninos”(Ernesto Molinero),com 77 votos,entregues em mãos.O Prêmio Jovem Realizador foi para “Bereguedê e a Panela de Pressão”, para os estudantes Almir Sales,Diego Beda e Helder Resende.Levaram 3 mil reais!Aliás, uma mão na roda para a realização de novos trabalhos.


sábado, 15 de dezembro de 2007

Nossos indicados ao Prêmio de Melhor Vídeo do 5 Minutos






Rotação 5’ estima que, entre os principais prêmios do Festival 5 Minutos, apareçam alguns dos vídeos abaixo. Preferimos optar por classificá-los em quatro categorias: Melhor Documentário; Melhor Ficção; Melhor Animação e Melhor Experimental. Escolhemos três por gênero. Tarefa difícil,tamanhas as interferências em nossas lentes.Porém, não esqueçamos que a premiação oficial destaca, apenas: Prêmio Walter da Silveira: 1º lugar / Prêmio Alexandre Robatto: 2º lugar / Prêmio Roberto Pires: 3º lugar. Ação:hora de conhecer os astros, em plena Terra, na noite de hoje. Siga a rotação:

Melhor Documentário

* “A mina de um povo” (Vitor Bitencourt/BA)
* “As fitas malditas do Padre Pinto” (Daniel Lisboa/Diego Lisboa/BA)
* “Desmandamento do cinema” (Zezão Castro/BA)
(Mais uma mãozinha – escolhida a dedo polegar: “Veras” (Edson Bastos/Ipiaú-BA))

Melhor Ficção


* “Todos foram para a lua” (Maurício Saldanha /Porto Alegre-RS)
* “Tatiana” (Diogo Fonte e Flávia Monteiro/Rio de Janeiro-RJ)
* “Desgovernados” (Daniel Sandes/Vitória-ES) - Ficção

Melhor Animação


* “Três Porquinhos” (Cláudio Roberto/RJ)
* “Passo” (Alê Abreu/SP)
* “Casa de Máquinas” (Maria Leite e Daniel Herthel/MG)

Melhor Experimental


* “L.E. R” (João Angelini - Brasília/DF)
* "Sensações Contrárias“(Jorge Alencar, Amadeu Alban, Matheus Rocha/Salvador-BA)
* “Batatateogonia” (Ricardo Botini/SP)

A atmosfera do Festival – 4º. e Último dia




Hoje, vamos pôr a mão no fogo. Antecipando a comissão julgadora, o Rotação 5’ aponta os prováveis ganhadores do XI Festival Imagem em 5 Minutos. Embora a lista da mostra competitiva trouxesse 80% de baianos, não passamos a mão na cabeça de ninguém. Seguem os melhores vídeos da Mostra Competitiva – Programa 4 e, logo abaixo, notas críticas sobre todos os curtas da sessão.

MELHORES VÍDEOS – MOSTRA COMPETITIVA – PROGRAMA 4

UMA MÃO PRA COMISSÃO JULGADORA

Como sempre fizemos, eis a nossa última lista de melhores vídeos.Todos foram escolhidos a dedo:

Polegar
: “Passo” (Alê Abreu/SP)
Indicador: “Sensações Contrárias”(Jorge Alencar, Amadeu Alban, Matheus Rocha (Salvador-BA)
Médio: “Todos foram para a lua” (Maurício Saldanha /Porto Alegre-RS)
Anular: “Trilha Ecológica” (Fausto Junior / Salvador-BA)
Mindinho: “Tatiana” (Diogo Fonte e Flávia Monteiro/Rio de Janeiro-RJ)



NOTAS SOBRE O PROGRAMA 4 – MOSTRA COMPETITIVA


PASSO
(Animação)
Alê Abreu 3:38 2007 São Paulo-SP

“Passo” toma a tela do 5 Minutos e reconstrói o suporte.Alê Abreu realiza animação em tempo real,integrada ao vídeo.O curta mostra linhas sendo desenhadas que, aos poucos, formam a figura de um pássaro.Os movimentos são paulatinos.É a mão do diretor que está, em quadro, delineando os passos do animal que, aos poucos, vão se transformando em grades. Em sincronia,uma trilha perturbadora já sinaliza um destino.O lilás do guache, o vermelho do lápis de cor antevêem a agonia do bicho.Onde ele está preso ? Na gaiola insana ou na tela-prancheta de um dos melhores curtas de animação,apresentados neste festival.


PEGA, MATA E COME (Documentário)
Carlos Pronzato 4:59 2007 Salvador-BA

O documentário apresenta-nos o compositor alagoano José Cândido da Silva.Numa fotografia,em plano médio, ouvimos seu relato sobre “Carcará”,canção-marco na carreira de Maria Bethânia. O curta vale pelo registro histórico de um momento da MPB.Quem garante sua visibilidade são frases cortantes de um entrevistado bem-humorado.”Bethânia não é uma grande cantora, mas é uma boa intérprete”,arremata. Com uma câmera mais “ave de rapina” e revelaríamos um retrato mais amplo que o convencional 3x4.

POR BAIXO DO PANO(Documentário)
Camila Morgause e Fabrício Jabar 5:00 2007 Salvador-BA

Documentário etnográfico, “Por baixo do pano” enquadra seu objeto tal como anuncia o título.Um recurso óbvio, não fosse a sugestiva edição em cortes secos e bruscos,tornando-o experimental.Tudo para compor um quadro sobre o folclórico Mandu, personagem mascarado que circunda o recôncavo baiano.Populares,em primeiro plano,disparam:”Acho que ,antes de Cristo, o Mandu já existia”;”Ele é um egun”.Fotos digitais,unidas ao vídeo, endossam a estética desse curta que tenta buscar a identidade do personagem,sem ser comum.

PREPARAÇÃO PARA O NÊGO FUGIDO (Documentário)
Marília Hughes e Cau Marques 4:15 2007 Salvador-BA

A etnografia reaparece aqui.Desta vez, temos um curta que, visivelmente, reúne crianças e adolescentes – sobretudo – para uma demonstração do “Nego Fugido”,representação folclórica de Cachoeira.Há pouca espontaneidade dos objetos da imagem,diante do olhar curioso da câmera. Valoriza-se a expressão surreal. Vemos os garotos com os rostos pintados de preto e suas línguas avermelhadas em primeiríssimos planos.A busca parece ser por um olhar similar ao de um Verger.Pronto.Está feito registro.

QUERO SANGRAR EM CIMA DE VOCÊ (Ficção)
Marcelo Villanova 3:50 2007 Salvador-BA

O curta “Quero sangrar você” é um “clipe ficcional” em cima do personagem Zacarias Nepomuceno. Com o refrão brega-rock “Eu já pedi pra sangrar em cima de você”, o trovador segue com seu violão.A música serve de cantada – desconcertante - para três mulheres distintas.A garota inteligente o ignora na praça.A empregada e a meretriz iludem-se.Sintetizando:entendemos este vídeo como um verdadeiro pré-teste,para o próximo clipe de Wander Wildner...

RECUPERANDO A INOCÊNCIA (DocFic)
Isolda Libório 2:53 2006 Salvador-BA

Sob imagens de arquivo, em P&B, emergem crianças enclausuradas em salas de aula; em campos de concentração; evidências do holocausto.Uma incessante narração em off tenta nos conduzir a um discurso humanístico. As imagens são retomadas,integradas a outras, como vistas num vídeo-cassete, de modo a construir um sentido. O curta,de memória visual, é mais um ensaio imagético.

SAMBADEIRAS DO RECÔNCAVO (Documentário)
Gabriela Barreto e Janaina Quetzal 5:00 2007 Salvador-BA

Dona Dora, Dona Dalva e outras “sambadeiras” emprestam sua imagem a esse curta.Esforçada, a obra tenta enquadrá-las, revelando faces de dor e alegria ao mesmo tempo.Com Dona Dalva, ouvimos o histórico de um dos seus sambas.”Na amargura de minha vida, criei o ‘Samba do jiló’ e todo mundo gosta dele”. O amargo fruto,num dia de tristeza, a inspirou na composição.Dona Dora entrega-se à câmera que, finalmente, samba com as demais personagens, garantindo uma das mais profícuas seqüências do vídeo.Só assim o samba da experimentação, que deve ser a marca de um curta, não se perde e não fica “ruim da cabeça”.


SENSAÇÕES CONTRÁRIAS (Experimental)
Jorge Alencar, Amadeu Alban, Matheus Rocha 5:00 Salvador-BA

“Sensações Contrárias” coloca corpos em movimentos efêmeros.O curta redimensiona personagens via coreografias não-lineares.Uma contraposição de atos gera o efeito de sentido desse vídeo experimental.Alinham-se, numa mesma esfera estética,simbolismos como: uma garoto numa piscina redonda e inflável banha-se em gestos descontínuos com as mãos; a sua frente, uma mulher diante de uma circunferente bacia,joga água sobre o cabelo.Cut. Uma mulher ao chão contorcendo-se em semelhança com um homem em pé no mesmo gestual.E assim a obra de Jorge Alenncar, Amadeu Alban e Matheus Rocha vai criando deslocamentos,numa proposta estética pouco acessível,mas cara nesta edição do 5 Minutos.
TATIANA (Ficção)
Diogo Fonte e Flávia Monteiro 4:45 2007 Rio de Janeiro-RJ

“Tatiana” é a personagem-central do curta-metragem.É ela quem aparece num quarto de luz baixa a ler um livro,sob uma trilha sugestiva.Seu reflexo no espelho divide-a na tela.O clima é quase noir,um prenúncio do comportamento da personagem.Uma voz off começa a desestabilizar o ambiente.Passo a passo, ouvem-se frases: ”Chega aí,meu amor! Tatiana!Ô Tatiana” ou “De noite na cama, eu fico pensando...”.A tensão,combinada com as sombras de uma fotografia bem realizada,é mantida.A personagem percorre a casa,perturbada com o vozerio.De quem ? Do livro ? Só o espectador tem a resposta.


TODOS FORAM PARA LUA (Ficção)
Maurício Saldanha 5:00 Porto Alegre-RS

O curta de Maurício Saldanha consegue estabelecer o hibridismo da ficção com o documentário, de forma engenhosa.Com personagens,em estúdio,falando diretamente para a câmera, o vídeo traz depoimentos sob a perspectiva de quem “vive na lua”.A luz está direcionada,apenas, à face dos entrevistados.O que sugere uma atmosfera sideral.Uma criança apoquenta: “Lá na Terra, tem vídeo,computador...e aqui só tem cratera”.Um rapaz se desilude: “ Ninguém perguntou se eu estou feliz,vivendo aqui”.Várias outras assertivas são coletadas.E dessa rede heterogênea de pensamentos, “Todos foram para lua” constrói seu elogio à Terra.

TRILHA ECOLÓGICA (Animação)
Fausto Junior 2:15 2007 Salvador-BA

“Trilha Ecológica” é uma experimentação visual em animação.A obra faz da tela de cinema o visor de um timoneiro em alto-mar. Reinventa o suporte. Um barco flutua no oceano, pássaros sobrevoam a região e o tempo vai caindo,tal qual o cronômetro no alto da tela(?).Num exercício natural a quem se lança produzir curtas, este vídeo tem bússola de criação. Fausto Junior transformou a platéia em passageiros e,ao mesmo tempo, guias da sua embarcação além-Baía de Todos os Santos.


UM CINEASTA A PROCURA DE SEU FILME (Documentário)
Humberto Martins e Caio Martins 4:12 São Paulo-SP

Utilizando-se de imagens de making off do filme “A língua do Brasil”(2007), de Nelson Pereira dos Santos, o curta gera uma metalinguagem curiosa.Vemos Nelson opinando sobre a produção de um filme sobre si mesmo: “Põe um monitor aí pro diretor”,aconselha.”Dá pra botar o refletor aí embaixo”, sugere ao iluminador”.”Atenção!Tá rodando...Ação!”. Divertido vê-lo assim.Pena que os diretores Humberto e Caio Martins tenham se dispersado na própria brincadeira.

VAZIO (Ficção)
Diogo Fonte e Flávia Monteiro 3:27 2007 Rio de Janeiro-RJ

A garrafa de whisky está lá vazia.O vinho,pela metade, ao lado de taças semi-usadas.Um homem dorme.Com uma câmera mais estática que em movimento, Diogo Fonte e Flávia Monteiro(a protagonista do curta “Tatiana”,também na mostra) expõe o desenlace de um casal.A luz da sala é penumbra.E o “vazio” do título reside no interior de cada lado dos cônjuges e por todos os copos,garrafas e paredes daquele ambiente de identidade translúcida.Um vídeo revigorante, que poderia até omitir a trilha,que o tornou um clipe...

VERAS (Documentário)
Edson Bastos 00:05:00 2007 Ipiaú-BA

Este documentário é um fado. Seu personagem-título, Veras, tem expressão na cultura boêmia baiana.Foi dono da boate Anjo Azul,pelos anos 60 da velha Salvador.Em plano médio, somos apresentados a essa figura num ambiente acinzentado,com uma cortina ao fundo,entreaberta,como a própria vida deste,também,paraquedista.Revela-se como um filósofo, um psicólogo, a fumar mais um cigarrinho,cuja fumaça confunde-se com sua barba branca envelhecida.A câmera,parada,ri com ele e chora.Um personagem controverso,fã de Amália Rodriges, cantora de fados, a quem ele venera ao cantarolar “Tristeza interior”.De quem é essa dor ? O documentário a revela com suas imagens fixas, a expor um Veras seminu, com o corpo esquelético, sustentado por um suspensório, que não o deixa cair. Fade in.






sexta-feira, 14 de dezembro de 2007

Na órbita do Festival 5 Minutos - 3o. dia






Nossos refletores continuam a seguir o movimento de todas as partículas (vídeos) do XI Festival Imagem em 5 Minutos. São voltas sucessivas, às vezes, em torno de um mesmo eixo. A trajetória da imagem-síntese segue abaixo.O foco,hoje, é o Programa 3 da Mostra Competitiva. Pólo a pólo, o Rotação 5’ girou a objetiva e captou instantes de inventividade.


MELHORES VÍDEOS – PROGRAMA 3 – 13/12


UMA MÃO PRA COMISSÃO JULGADORA

A lista,que se segue, traz vídeos escolhidos a dedo:

- Polegar: “Nossa Paixão” (Leandro Duarte e Rui Calvo/São Paulo-SP)
- Indicador: “Três Porquinhos” (Cláudio Roberto/Rio de Janeiro-RJ)
- Médio: “Orgia”(Igor Penna/Salvador-BA)
- Anular: “Meninos” (Ernesto Molinero/Salvador-BA)
- Mindinho: “O barato do vovô” (Felipe Antoniolli/Canoas-RS)


NOTAS SOBRE O PROGRAMA 3 – MOSTRA COMPETITIVA

MAISON GUILDA (Videoclipe)
Gabriela Leite 4:59 2007 Salvador-BA

Um vídeo que se conduz pelos corpos dos personagens. As seqüências, em cortes bruscos, expõem figuras andróginas, agrupadas num cativeiro.Ora em closes, em detalhes nas genitálias,primeiríssimos planos em faces com maquiagem de efeito, “Maison Guilda” vislumbra o mundo transgênero.Como uma fotolegenda, o curta é um clipe,ao som de “Salão de Beleza”, canção de Zeca Baleiro.Na verdade, trata-se da transposição de uma montagem teatral para o vídeo.Só faltou lembrar desse parâmetro na montagem(edição) para o novo suporte.

MAPINGUARI - O PROTETOR DA FLORESTA (Animação)
Caó Cruz Alves 4:06 2007 Salvador-BA

Aqui, acompanhamos a lenda do Mapinguari, tão cultuada na Amazônia. Ele é o chamado protetor da floresta.Na operação, a animação traça um caminho conhecido.O monstro, com um enorme olho na testa, vê o homem desmatando,poluindo,fazendo queimadas,enfim,a degradação ambiental.Um exercício para efeito de articulação na argumentação,que se torna redundante.Com direção de arte bem acentuada,natural para um animador,a obra de Caó perde-se no meio da mata narrativa.

MARIA DAS CABRAS (Ficção)
Gabriela Barreto 5:00 2007 Salvador-BA

“Maria das Cabras” traz a resistência de uma mulher à injustiça. Ao receber o mandado de desocupação de uma área do governo, a senhora ameaça um técnico da Conder(Companhia de Desenvolvimento Urbano), com um facão.Daí o que se vê são enquadramentos em busca de emoção,trilha comovente,tudo pra desaguar no contraponto cidade/campo.”O asfalto só veio pra desgraçar nossa vida”,lamenta-se.Dessa transição, decorre um curta sem uma força estética,apelando para o dispositivo vulnerável de imagens que incitam a sensibilidade.

MENINOS (Ficção)
Ernesto Molinero 5:00 2007 Salvador-BA

Criança, em elenco, é garantia de retina fixa. Um garoto,mirrado, com perfil de inteligente e usando óculos, é o alvo da turma da escola.Nada demais.Até que o curta reverbera, quando vemos bad boys infantis e meninas em trajes sugestivos.Eis a chave:”Meninos” satiriza o mundo adulto, valendo-se de uma câmera que ostenta o suspense do enredo e sua série de plot-points.Com mais engenho no arco do personagem central e da unidade da narrativa,teria finalizado melhor.Fica para a prova final.

MERCÚRIO (Animação)
Sávio Leite 4:40 2006 Belo Horizonte-MG

Estamos diante de um homem, sentado num banco da praça em seus delírios. A animação se utiliza de massinha,fotografia digital e vídeo,para adentrar na sinapse do solitário rapaz. Não fosse a redundância das imagens, “Mercúrio” teria dado à recepção mais conforto nas cadeiras da sala de cinema. Ficamos todos num banco de praça ainda a pensar...

NO FIM SOMOS TODOS CAIXAS (Experimental)
Roney Santana 1:05 2006 Ilhéus-BA

“No fim, somos todos caixas” é um curta que metaforiza caixas de fósforo. O objeto, colocado numa mesa de bar, é transmutado em goleiro de jogo de botão,palitinho, porta-clipe etc.Cortes secos pontuam cada movimento,como num comercial.Só faltou aproveitar a luz do fósforo para inflamar a fotografia(!), bem como cada palito da “caixa preta” do roteiro. Alguém tem fósforo ?

NO MUSEU (Animação)
Gordeeff e Cláudio Roberto 1:21 2006 Rio de Janeiro-RJ

Um casal observa uma obra de arte num museu. Eles são estrangeiros e se permitem uma contemplação daquela pintura.Até que são surpreendidos pela abordagem brasileira de um “marchand” das ruas.Garantia de riso para um curta sem muitas pretensões.

NOSSA PAIXÃO (Ficção)
Leandro Duarte e Rui Calvo 4:58 2006 São Paulo-SP

De uma briga comum de namorados, “Nossa Paixão” engendra uma metalinguagem astuta. Além de apropriar-se do off de uma telenovela, ainda faz das personagens centrais objetos de representação de uma cena amorosa. ”Você é só uma vagabunda” é a frase da discussão de um casal hetero que, logo depois, adorna um affair lesbian.Salta aos olhos.Pena que no cotejo entre o valor estético da obra e seu endereçamento, ficaram arestas de excesso.

NOTÍCIAS PRA UMA MOÇA LÁ DO NORTE (Videoclipe)
Marcus Maia 3:45 2007 Salvador-BA

“Notícias pra uma moça lá do Norte”, canção de Marcelo Vilanova, serve de leitmotiv para este vídeo. Seguimos com um jovem obstinado por uma fotografia de uma linda moça. Sua namorada ?A câmera cobre seu dia-a-dia de forma literal, tal qual a música. Um curta com legibilidade audiovisual comum,sem nenhuma subversão dos signos da imagem.Mas que nos deixa com uma má notícia.

O BARATO DO VOVÔ (Animação)
Felipe Antoniolli 1:30 2007 Canoas-RS

Espécie de “Tapa na pantera”, em animação, “O barato do vovô” nos leva à enfermaria, onde visitaremos um enfermo e simpático velhinho. De massinha, o curta mostra o personagem,mesmo acamado, quebrando a rotina com um “baseado”. Eis um vídeo que reanima, mesmo não dando “onda” nenhuma...

ORGIA (Ficção)
Igor Penna 4:59 2007 Salvador-BA

“Orgia” põe um empresário diante de uma câmera-divã. Com acentuados closes e detalhes,ouvimos um executivo e suas confissões inomináveis.Ora embriagado em lamúrias, ora absorto em seu escritório, o velho homem é efêmero.Sua alternância de comportamento é seguida por uma fotografia sombreada que,aliada ao apuro da direção de arte,mergulha em seu ego.Murnau?Pasolini?A orgia, aqui, é a do tecido nervoso, do ego e da busca de identidade.

OS TRÊS PORQUINHOS(Animação)
Cláudio Roberto 4:17 2006 Rio de Janeiro-RJ

Depois de “No museu” (também selecionado), Cláudio Roberto exibe sua coleção de canetas (azul, verde, vermelha e preta) e nos apresenta uma experiência visual provocativa. Com traços simples, feitos como numa folha de caderno, atualiza a história dos Três Porquinhos, ambientada num Brasil de corrupção e tráfico.Grunhido de porcos,som de tiros e um sambinha dão cadência à animação esperta do carioca.

quinta-feira, 13 de dezembro de 2007

De volta ao centro do universo em vídeo 5'









Nosso sistema de lentes centra foco, desta vez, no Programa 2 da Mostra Competitiva do 5 Minutos. Repetindo o extrato do Programa 1, o gênero documentário reaparece em profusão.No universo de 12 vídeos, 4 se enquadram na tipologia.Seguem linhas em forma de um espelho côncavo. A refração pode ser constatada com mais uma série de notas críticas. Antes, a gente vai levantar a mão e apontar os melhores vídeos da sessão.(Por: Zatar Bassan)




MELHORES VÍDEOS – PROGRAMA 2 – 12/12



Abaixo, uma lista que lança o que chamamos de “Uma mão pra comissão julgadora”. Os vídeos foram escolhidos a dedo:

- Polegar: “Desgovernados” (Daniel Sandes/Vitória-ES)

- Indicador: “L.E. R” (João Angelini - Brasília/DF)

- Médio: “Desmandamento do cinema” (Zezão Castro/BA)

- Anular: “Casa de Máquinas” (Maria Leite e Daniel Herthel/MG

- Mindinho: “Essa moça” (Adriana Mota - Brasília/DF)

NOTAS SOBRE O PROGRAMA 2 – MOSTRA COMPETITIVA – 12/12

CARRO DE BOI (Documentário)
Nicolas Hallet 4:15 2007 Salvador-BA

O documentário registra mais um nordeste árido. À primeira vista, a imagem de um carro de boi, em plano geral,perpassando o quadro, é insinuante.Um teaser de efeito em pleno interior de Alagoas.O registro da rotina no campo, com o corte do mandacaru,também, reforça o interstício.Já o paralelismo de intercambiar o labor dos pais às brincadeiras dos filhos soa um determinismo ressabiado. Essa analogia denuncia bem o “acordo” da direção com o sertanejo, objeto da obra. Em outros termos, percebe-se o desconcerto de um curta que, sem sequer dar nomes aos bois (os sertanejos?), animaliza o indivíduo. Fade in.”Abril Despedaçado”(Walter Salles) foi diferente.”Kenoma”(Eliane Caffé) também.”Vidas Secas”(Nelson Pereira dos Santos) então...

CASA DE MÁQUINAS (Animação)
Maria Leite e Daniel Herthel 5:00 2007 Belo Horizonte-MG

Aqui, temos a virtualização do moto-perpétuo, apresentado como um objeto autômato. Nada novo em vídeo, não fosse pela força da linguagem de animação. O curta, uma produção anglo-brasileira, expõe uma máquina em funcionamento ininterrupto e com expressiva complexidade. ”Casa de máquinas”,praticamente,endossa a versatilidade do traço animado,ao criar o que a ciência constitui como improvável. Com realismo, na pureza das imagens, os mineiros Maria Leite e Daniel Herthel assinam uma direção de um vídeo-máquina. Afinal, até mesmo, nos créditos, encanta o público,expondo o pré-projeto da obra(o story board).Justificável, para um curta que se reveste cúmplice do imaginário humano.

CHAPADA VELHA (Documentário)
Fabrício Rodrigues 5:00 2007 Salvador-BA

“Chapada Velha” acentua, já na sua sinopse, um alinhamento com o princípio da retratação de personagens anônimos e de fácil carisma. Está feito o contrato com a recepção: “a história é somente pano de fundo para o deleite do espectador sobre o carisma dos personagens”. Um aparelho em que nem os personagens ganham crédito no corpo da narrativa.Assim, a fotografia vai se apreender de closes, primeiríssimos planos, detalhes dos ambientes e dos seus sujeitos.A operação estética tenta se impor como um registro do perfil dos antigos coronéis da Chapada Diamantina.Daí recorrre-se aos nativos em busca de dados.O problema é a ambigüidade deste tipo de curta: ao invés de se compor um quadro de significações audiovisuais, constitui-se uma “domesticação da obra”: o olhar de sofrimento pra gerar emoção;o galope no jegue pra fazer rir.Silêncio.

CINEMA VELHO (Documentário)
Lucas Fróes 4:55 2007 Salvador-BA

O documentário faz de um antigo cartazista de cinema um narrador apaixonado. Trata-se de Renato Fróes.Cercado por anúncios de filmes antigos,ilustrados à mão, o entrevistado acena sua memorabilia,diante de uma câmera que traduz seus depoimentos com sua própria obra.Uma aula de história sobre o marketing promocional em tempos passados.Ao reportar-se a antigas salas de projeção,na Bahia, como Santo Antonio,Glória,Liceu,Popular e Jandaia, Fróes emociona.Vale como registro e não como experimentação de linguagem.Em “Cinema Velho”, o velho é o discurso audiovisual.

CONSTRUINDO O MAR (Ficção)
Marcio Cavalcante 5:00 2007 Salvador-BA

Um garoto cego, do interior da Bahia, deseja conhecer o mar. Entusiasta, seu pai o conduz ao litoral. A criança vislumbra um paraíso, já destruído pelo real. Mas o pai,lacrimoso,começa a fantasiar.Daí,com uma fotografia que contrapõe a degradação ambiental com cenas de uma praia paradisíaca,deparamo-nos com um vídeo... ecológico. Com menos lágrimas na narrativa,trilha emotiva,exposição de planos detalhe forçosos, o significado teria sido outro: ruptura com a tradição narrativa tão em onda.

DESGOVERNADOS (Ficção)
Daniel Sandes 3:12 2006 Vitória-ES

“Desgovernados” encontra uma forma de fazer panfletagem sem ser panfletário. Uma empresária busca um contato com a prefeitura da cidade.No lugar dos funcionários oficiais, quem atende ao telefonema são feirantes.Linha cruzada?Número errado?Não. Apenas, a densidade dramática de um enredo que subverte a relação povo/parlamento, com engenhoso humor. O efeito político se afirma e ganha forte valor estético. Resultado:ovacionado pela platéia.

DESMANDAMENTO DO CINEMA (Documentário)
Zezão Castro 5:00 2007 Salvador-BA

“A quem pertence a teoria de cinema?”. A indagação é do lendário cineasta Zé do Caixão,objeto deste vídeo que se propõe a desconstruir a sétima arte.Nosso Coffin Joe relata experiências em sets,problemas com casting,enfim, o seu método de filmar.Tudo envolto numa fotografia que,tão raro, o distingue.As imagens aparecem com um filtro que beira à plasticidade das obras de Mojica. A edição, também, reforça essa mimese. ”Já fiz tudo de cinema”,arremata o cineasta. E o vídeo fez tudo, para reinventar princípios de cinema em afinidade com um professor autodidata. Ganhou muitos pixels.


ENSAIO SOBRE O MURO (Experimental)
Castor Assunção Tavares 4:42 2007 Uberlândia-MG

“Ensaio sobre o muro” é uma experimentação imagética, apresentada sobre 4 perspectivas. Em intervalos, tomam a tela episódios com os seguintes títulos: “Sobre a inércia”; Sobre a curiosidade; Sobre o perigo”; Sobre a possibilidade.As cartelas evidenciam situações de uma personagem e seus fatores condicionantes.Porém,o curta deixa lacunas não preenchidas pela narrativa e, in loco, pelo espectador.Até o momento, o vídeo,ao extremo, foi o menos aplaudido do festival.

ESSA MOÇA (Animação)
Adriana Mota 3:42 2007 Brasília-DF

A animação nos apresenta Luiza e sua gatinha. É noite.Céu de estrelas.Até que sobe o BG e acompanhamos Luiza,dançando o xote “Até o dia clarear” com um homem galanteador. Um videoclipe? Não. A constatação de que é possível emocionar com um flerte regional e animado.Massinha!

EXÚ (Videoclipe)
Giuliano Scandiuzzi 4:50 2007 São Paulo-S

O curta, na verdade, é um videoclipe que segue pelas encruzilhadas de São Paulo, em companhia de Exu. Um homem negro, com paletó branco, gravata vermelha e chapéu de palha, com faixa rubra, personifica o orixá “protetor dos caminhos”. Sob uma câmera em traveling, em 360º, em big-closes,plongée, somos levados às ruas,com o refrão: “Exu é luz”.Ou seja:a pista que justifica a fotografia em fortes tons de amarelo e luzes estouradas,além da computação gráfica com referência às simbologias de Exu.Não fosse o didatismo das imagens, teríamos um exu-cyborg,diante de uma trilha bit.

GISELLE (Experimental)
Celina Portella e Elisa Pessoa 4:01 2006 RIO DE JANEIRO-RJ

“Giselle” traz uma bailarina em trânsito pela cidade. Sua dança está na observação urbana, com imagens granuladas, quase como um arquivo. Aos olhos de um pipoqueiro,a moça é o próprio corpo de uma cidade sem identidade.Na tentativa de trazer a não-linearidade, para melhor articular os contornos das imagens, o curta esqueceu o sal da edição.

L.E.R. (Experimental)
João Angelini 3:38 2007 Planaltina-DF

“L.E. R” traz um funcionário em sua prática diária de carimbar documentos. Tudo muito modorrento, não fosse a transmutação das imagens. Angelini torna o personagem um homem-máquina.Seu trabalho,explicitamente, marcado pela L.E.R(Lesão por esforços repetitivos), deixa-o como um organismo mecânico.Seus braços se movimentam como ferramentas.Sua face treme tal qual um motor. Um cenário branco emoldura a seqüência, com uma pequena mesa e uma cadeira. O que faz da tela um outro suporte: o papel em branco. Desde já, um dos melhores curtas da sessão, a obra é uma experimentação com timing publicitário, mas nem por isso comum. Um belo frame da direção de arte: o figurino do personagem se associa com o móvel do escritório. Carimbo para “L.E.R”: “aprovado”.

quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

Cobrindo a volta do Festival 5 Minutos






A terrinha começa a girar em torno do XI Festival Nacional de Vídeo - Imagem em 5 Minutos,realizado em Salvador/Bahia. A Mostra Competitiva teve início, na noite de ontem, às 20h29, na Sala Walter da Silveira. Acompanhamos o movimento das imagens em torno do eixo das obras: narrativa, plástica e cinematografia. Pelo nosso telescópio, visualizamos as coordenadas do corpo videográfico. As obras exibidas carregam indicadores que as situam, predominantemente, no campo do Documentário. Numa sessão de 12 vídeos, 8 se enquadram no gênero.Seguem notas sobre o Programa I da Mostra Competitiva. Hora de pegar a mão de (a) direção e seguir a trajetória das imagens.
(Zatar Bassan)

MELHORES VÍDEOS – PROGRAMA 1 – 11/12


UMA MÃO PRA COMISSÃO JULGADORA
(Vídeos escolhidos a dedo)

- Polegar: “Batatateogonia” (Ricardo Botini/SP)
- Indicador: “A mina de um povo” (Vitor Bitencourt/BA)
- Médio: “As fitas malditas do Padre Pinto” (Daniel Lisboa/Diego Lisboa/BA)
- Anular: “500 volts” (Sérgio Sbragia/BA)
- Mindinho: “Banquete”(Jan Cathalá/Ba)


NOTAS SOBRE O PROGRAMA 1 – MOSTRA COMPETITIVA

500 MIL VOLTS (Documentário)
Sérgio Sbragia 4:57 2007 Rio de Janeiro-RJ

Sob alta tensão e em contra-plongée, o curta demarca a tela. Os personagens, operários de manutenção elétrica, em voz off, contam sua história.Num campo energético de 500 volts, a câmera risca o céu em contraposição à “vida lá embaixo”. Trabalho de risco emergente e iminente. Comprimindo espaço-tempo, a fotografia é o ponto alto do vídeo.Mais tensão dramática,sob o fato observado, e a direção de Sbragia alcançaria mais energia.E sairia ilesa...

A GAROTA (Animação)
Fernando Pinheiro 4:00 2006 Belo Horizonte-MG

Eis um vídeo de animação que, de forma lírica, esboça o desenlace familiar. Na figura de uma boneca, abandonada, diante de um carro com monturo de papel e ferro-velho, materializa-se a perda. Na platéia do festival, uma criança dialogou bem com a obra, ao gritar: “ Ele vai deixar a boneca”.Com mais rigor no decurso da ação, “A garota” tende a saltar a tela. Mas o diálogo foi interrompido.


A INFÂNCIA DE ANASTÁCIA (Documentário)
Cau Marques e Marília Góes 4:50 2007 Salvador-BA

O que seria mais um documentário que recorta a imagem de anônimos pra ganhar risos fáceis, revela-se como uma saudação à memória. O depoimento de uma senhora( a Anastácia do título)é descrito com imagens,traduzindo suas reminiscências.”Tempo bom não volta mais”,ressente-se.Mas a senhora foi só um pretexto, para exposição de imagens do cinema de Leon Rozemberg, dos anos 50 e 70.Fiquemos à espera do arquivo da “velha Anastácia”.

A MARCHA (Documentário)
Aline Frey 4:42 2007 Salvador-BA

A partir de cenas do MST, ouve-se uma narração subjetiva. O vídeo serve-se de imagens da Marcha do Sem-Terra,em 2006,cruzando Feira de Santana,em direção a Salvador. A câmera passeia pelo acampamento e vislumbra angústias e alegrias dos militantes. Como um diário, tenta-se compor um retrato da cidade e seus cidadãos.Um esforço de se experimentar a metalinguagem audiovisual, mas que se perde no off redundante.

A MINA DE UM POVO (Documentário)
Vitor Bitencourt 5:00 2007 Salvador-BA

Único documentário da noite que resvala para uma perspectiva diferenciada. A obra retrata a Mina de Huanuni,situada na Bolívia.O diretor Vitor Bitencourt, a 200m da superfície, faz da câmera uma máquina de extração de minerais.Quando se imagina que o entrevistismo será a linha da ação, surpreende-se com imagens,ora desfocadas, ora estabilizadas,sob o áudio incessante das perfurações.O vídeo emerge numa seqüência em que tratores remetem a monstros,arrancando estanho, que mais se assemelha a pedras de cocaína.Sim,de modo confesso,é a cocaína que mantém a firmeza dos operários da mina.E essa é,apenas, uma das entrelinhas, para compor um quadro da política econômica de Evo Morales.”A mina de um povo” é arqueologia social em vídeo.

AS FITAS MALDITAS DO PADRE PINTO (Documentário)
Daniel Lisboa e Diego Lisboa 4:58 2007Salvador-BA

O vídeo, literalmente, desnuda o polêmico Padre Pinto. Com estética bem resolvida, vemos o esforço dos diretores Daniel e Diego Lisboa,para marcar isenção na surpreendente abordagem. A dupla ouve os “podres” do ex-pároco, em primeiro plano e em primeira pessoa. Esbraveja-se o Vaticano: “Pinto pisoteado pela igreja”.Esconjura-se a família:”Eu chupei a rola do meu pai”.E tudo isso,sorvendo-se de uma latinha(cevada?),com um rótulo omitido.O religioso, expulso pela Igreja Católica, em 2006, chega a cair de um cadeira.Ebriedade? “As fitas malditas...” abençoa o protagonista e compõe um registro escatológico. Mas,como já assinalou um certo Godard:”O que se vê na tela está morto.Só o olho do espectador é capaz de insuflar-lhe vida”.

BANQUETE (Documentário)
Jan Cathalá 3:53 2007 Salvador-BA

“Tão tirando a carne”. Essa é uma das múltiplas vozes que circundam o “Banquete”.O curta de Jan Cathalá impõe-se como maitre de um documentário sobre a dissecação de um elefante em Moçambique.A vermelhidão do sangue animal, em big-close, confunde-se com a fome e estado terminal da tribo de Bilibiza. Estamos diante de uma fábula? Quem representa aquela tonelada às vísceras? Uma chave: quem sente na própria carne, flagrada por uma câmera em lente suja de sangue. Fica-se na expectativa do próximo prato de Cathalá.


BAR (Ficção)
Clarissa Rebouças 5:00 2007 Salvador-BA

Mais uma ficção em que a dramaticidade se constrói pelo silêncio. Estamos num bar.Aqui,uma garota solicita o uso do telefone ao dono do boteco.Mesmo diante de,apenas, homens por ali, ela conversa,absorta, com o namorado.Provocativa:”Hoje sou eu quem estou querendo”.A fotografia,atenta aos olheiros, em closes e planos detalhe, mantém a tensão.O bom casting e a sutil direção de arte,também,valorizam o curta.Só faltou mais uma dose de narrativa.

BATATEOGONIA (Ficção)
Ricardo Botini 3:55 2007 São Paulo-SP

Afora as produções locais, “Batateogonia” foi o vídeo mais aplaudido da noite. Seu humor incita os ânimos.Com narração,em tom de National Geographic, a obra parodia a criação do Universo.Vemos citações a Pepsi, Brahma, Darwin, às fritas Elma Chips, Newton, em analogia ao cultivo de batatas.Riso na platéia, garantido pela integração dos suportes vídeo,animação,fotografia digital,enfim, da experimentação de linguagem, pouco vista neste primeiro dia de festival.

BERÇO ESPLÊNDIDO (Documentário)
Matheus Vianna, Macabra Vianna e Rita de Cássia 5:00 2007 Salvador-BA

Um documentário que dá voz aos moradores de rua e mapeia seu dia-a-dia, via “frases de efeito” e imagens de abandono. ”O lixo vale mais do que nós, porque ele é reciclado”.Chega-se a ouvir, na trilha, até um trecho do hino nacional.Para esse curta, uma máxima clichê: “reciclado,funcionaria melhor”.

BEREGUEDÊ E A PANELA DE PRESSÃO (Documentário)
Almir Sales, Diego Beda, Helder Resende 3:10 2007 Salvador-BA

Mais um vídeo-reportagem sobre rádio-poste. Desta vez, o foco é uma emissora da comunidade do Garcia,em Salvador.O curta vale-se de uma edição de depoimentos humildes e bem-humorados do jovem Bereguedê( Joelson Silva, autor do projeto da rádio comunitária) e membros da sua comunidade.Como a rádio, “Bereguedê e a panela de pressão” é um vídeo-post.

BOLACHINHA DE GOMA (Ficção)
Leon Sampaio 5:00 2007 Feira de Santana-BA

Uma dos únicos vídeos de ficção do programa, “Bolachinha de goma” dá sede de querer ver mais. A história de Maria e seu “ marido bêbado pra aturar” é sugestiva.Há densidade dramática.Há uma câmera à espreita,quase cúmplice da sua dor.É o diretor Leon Sampaio em busca de uma narrativa sem convenções.Fade in.






segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

Five Long Shots



O titulo do post é uma saudação à longa brevidade de um bom cinema.Um mantra em busca da síntese dos vídeos do XI Festival Imagem em 5 Minutos!A partir da madrugada de 11:12:2007, passe os olhos por aqui.Você vai ver e ler algumas linhas que você não lê nos jornais locais: comentários sobre os vídeos da Mostra Competitiva.Um por um.Quadro a Quadro.Sequência por seqüência.Fade out. Zatar Bassan